Introdução
A figura de Jesus Cristo é central na fé cristã. Seus ensinamentos e exemplo inspiraram milhões de pessoas ao longo dos séculos. No entanto, há debate sobre se Jesus pretendia fundar uma nova religião ou se ele tinha objetivos diferentes. Este artigo analisa evidências bíblicas e opiniões de estudiosos para avaliar se Jesus pregou uma religião ou não.
O que Jesus ensinou
Os evangelhos descrevem Jesus pregando sobre o Reino de Deus ou Reino dos Céus. Ele usava parábolas e ensinamentos para ilustrar a natureza deste reino e como as pessoas deveriam viver para fazerem parte dele. Jesus também realizou milagres e curou pessoas como evidência de que o Reino de Deus havia chegado.
Muitos estudiosos argumentam que Jesus não pretendia estabelecer uma nova religião, mas reformar e renovar o judaísmo. Ele era judeu e aceitava a lei judaica. Porém, Jesus enfatizava misericórdia e justiça acima do legalismo. Ele se concentrava mais em transformar corações do que em rituais externos.
Desenvolvimentos pós-Jesus
Após a morte e ressurreição de Jesus, o movimento que ele começou logo tomou uma forma mais organizada. Líderes como Paulo de Tarso começaram a estabelecer igrejas. Doutrinas e rituais como o batismo se desenvolveram. O cânon bíblico foi definido. Assim, o Cristianismo emergiu como religião distinta do Judaísmo dentro de algumas décadas após a morte de Jesus.
Muitos estudiosos veem esses desenvolvimentos como respostas naturais à necessidade de organizar e transmitir os ensinamentos de Jesus. As primeiras gerações de cristãos interpretaram a mensagem de Jesus e aplicaram-na ao contexto de comunidades e igrejas locais.
Perspectivas atuais
Há debate entre estudiosos sobre se a visão de Jesus alinhava-se melhor com o Cristianismo posterior ou com o Judaísmo reformado. Alguns enfatizam a continuidade entre Jesus e as primeiras igrejas cristãs. Eles argumentam que os apóstolos e Pablo entenderam corretamente o propósito de Jesus.
Outros veem uma discrepância entre o Cristianismo primitivo e os ensinamentos originais de Jesus. Para eles, Jesus não pretendia uma nova religião, mas uma renovação dentro do Judaísmo. No entanto, seus seguidores eventualmente moldaram um novo sistema de crenças e práticas.
Referências para estudos sobre a questão de Jesus ter pregado uma religião:
- Livros:
- Jesus: A Life, de Bart Ehrman (2017)
- Jesus: A Revolutionary Biography, de John Dominic Crossan (1991)
- Jesus as a Jew: A Historian’s Reading of the Gospels, de Paula Fredriksen (2000)
- Artigos:
- “Did Jesus Found a Religion?”, de James D. G. Dunn (1996)
- “Jesus and the Kingdom of God: A Reappraisal, de Richard A. Horsley (1993)
- “Jesus and the Jewish People, de E. P. Sanders (1993)
Resumo das principais perspectivas:
- Perspectiva tradicional: Jesus pretendia estabelecer uma nova religião, o Cristianismo. Essa perspectiva é baseada na crença de que Jesus é o Messias, a figura central da fé cristã.
- Perspectiva revisionista: Jesus não pretendia estabelecer uma nova religião, mas reformar o Judaísmo. Essa perspectiva é baseada na crença de que Jesus era um judeu fiel que se concentrava em renovar a fé de seu povo.
- Perspectiva intermediária: Jesus pretendia estabelecer uma nova comunidade de seguidores, mas não uma religião organizada. Essa perspectiva é baseada na crença de que Jesus se concentrava em promover o amor e a justiça, não em estabelecer instituições religiosas.
Conclusão
Embora Jesus não tenha estabelecido explicitamente uma nova religião, seu ministério e ensinamentos deram origem ao Cristianismo. Os primeiros cristãos interpretaram e aplicaram as palavras e obra de Jesus às suas situações históricas. Assim, a visão do Reino de Deus proclamada por Jesus tomou a forma de uma fé institucionalizada. Esse processo reflete tanto continuidade quanto descontinuidade com o ministério de Jesus.